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domingo, 11 de abril de 2010

A Árvore do Conhecimento: Conhecer o conhecer

No cap. I, Maturana e Varela (2001) , discutem sobre a Biologia do conhecimento, como sendo o processo de conhecimento de mundo dos seres vivos.
Para estes autores, o mundo não é anterior à nossa experiência, não é pré-dado. Nossa trajetória de vida nos faz construir nosso conhecimento do mundo, que também constrói seu conhecimento sobre nós. Somos sempre influenciados e modificados pelo que experienciamos.
O mundo é construído por nós, num processo incessante e interativo.
Prefácio:
O representacionismo descarta a subjetividade e valoriza a objetividade. Aqui o conhecimento é um fenômeno baseado em representações mentais que fazemos do mundo. Extrairíamos conhecimento das informações existentes no mundo através da cognição.
- Mentalidade extrativista, mentalidade de mundo “coisa” (predatória) e também pessoas “descartáveis”. São vistos como recursos exploráveis. Visão de que somos separados do mundo e que ele existe independentemente de nossa experiência.
- Alteridade (interdependência)
- A fragmentação traduz a separação sujeito-objeto.
Este livro vem contestar esta idéia, uma vez que interagimos com o mundo, fazemos parte dele e ele nos modifica. Somos sempre influenciados e modificados pelo que vemos e sentimos. O conhecimento se estrutura de forma interativa. Os seres vivos aprendem vivendo e vivem aprendendo.
Duas vertentes:
1ª) o conhecimento não se limita ao processamento de informações oriundas de um mundo anterior à experiência do observador;
2ª) os seres vivos são autônomos, autoprodutores quando interagem com o meio. Esta se opõe ao representacionismo. Autonomia e dependência se complementam, pois se constroem mutuamente, numa dinâmica circular.
O observador ao observar o mundo deve também observar a si mesmo. Há uma cooperatividade na circularidade. Temos dificuldade de lidar com o que é subjetivo e qualitativo, mantendo com o objetivo e o quantitativo uma relação complementar.
Subjetividade: é a compreensão de como o observador experiencia o que observa.
Biologia do conhecimento + Biologia do amor (alteridade)= Matriz Biológica da Existência Humana.
Pretendem ligar a ciência (o universo da objetividade) da experiência humana (domínio da subjetividade).
Ao longo do capítulo são tratados:
-> A grande tentação que é a Certeza: as coisas são somente como as vemos e não existe alternativa para aquilo que nos parece certo. Fenômeno individual cego em relação ao ato cognitivo do outro.
-> As surpresas do olho: se refere a experiência visual cotidiana/ponto cego e percepção
-> O grande escândalo: De observadores, passamos a observados
Todo ato de conhecer faz surgir um mundo. Todo fazer é um conhecer e todo conhecer é um fazer. Circularidade da ação e experiência.
Toda reflexão ocorre necessariamente na linguagem, que é nossa maneira de ser humanos e estar no fazer humano.
Tudo que é dito é dito por alguém. Toda reflexão faz surgir um mundo, portanto, ela é um fazer humano.
-> Explicação: visa examinar o fenômeno do conhecer tomando a universalidade do fazer no conhecer. Explicitam 4 condições a serem satisfeitas na proposição de uma explicação científica.
Chegaremos a uma explicação satisfatória do conhecer, quando tivermos proposto um sistema conceitual capaz de gerar o fenômeno cognitivo como resultado da ação do ser vivo e quando tivermos mostrado que esse processo pode resultar em seres vivos como nós próprios, capazes de produzir descrições e refletir sobre elas, como consequência de sua realização como seres vivos.
MATURANA, Humberto R. A árvore do conhecimento as bases biológicas da compreensão humana. Tradução: Humberto Mariotti e Lia Diskin. São Paulo Palas Athena, 2001. p.7-36.

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