A complexidade da relação indivíduo e sociedade

O filme "O Enigma de Kaspar Hauser" mostra a complexidade que existe entre um indivíduo e a sociedade. Em especial descreve a identidade do indivíduo, suas relações, a intensidade e níveis destas relações, as muitas coordenações do indivíduo e da sociedade, e a comunicação com o externo - a sociedade (Maturana, 2001).

Destacam-se alguns detalhes buscando caracterizar um entendimento do que é complexidade. O personagem foi abandonado em 1812, no interior da Alemanha, e um homem o criou de forma ímpar. Não teve contato com humanos em nenhum momento enquanto crescia. O alimento era deixado a noite enquanto dormia. Assim, o criou isolado do mundo. Ensinou-o a ler e a escrever. Não sabia nada da vida. Na adolescência, de modo semelhante, foi deixado na porta da casa de um capitão na cidade. O bilhete que carregava dizia que o objetivo era torná-lo cavaleiro do rei. Não parecia selvagem. Vândalo, insano? Era o que questionavam.

Cuidado por uma família, aprendeu significados: o que era um copo vazio; as partes do corpo humano. As palavras, aos poucos, expressava-as com dificuldade de compreensão. Desenvolveu novas percepções. Não reagiu a estocada da espada e não tinha medo do fogo. Quando recebia visitas dizia “tenho a honra”. Teve medo da galinha e curiosidade em embalar a criança. Alguns momentos são interessantes de serem destacados. Um deles foi quando pegou a criança no colo, chorou e disse “mãe sou desprezado por todos!”. Fez uma pergunta curiosa “porque não posso tocar piano como respiro?”. Dizia que o “quarto era maior que a torre’”. Contava que no cativeiro não pensava em nada. Não conseguia compreender como Deus criou tudo do nada, então diziam a ele que precisava entender o que era fé. “A maça quer descansar” dizia ele. Queria conhecer o deserto. Aprendeu a contar estórias, mas somente o começo, não sabia terminar. Gostava de jardinagem e semeou seu nome no jardim. Nunca sonhou no cativeiro, mas depois sonhou com o Cáucaso. No exercício de lógica sobre verdade e mentira apontou uma resposta inusitada que foi criticada pelo professor.

Foi apresentado à sociedade como protegido de um nobre. Gostava de piano e ao tocar Mozart dizia que exprimia a alma. Muitos mistérios o rodeavam, por exemplos, como haveria sobrevivido a pão e água e não teria enlouquecido na solidão. No entanto, desenvolveu habilidades e sensibilidades, apesar das dificuldades de assimilação de normas e regras sociais, o que motiva investigação.