Conhecimento

A compreensão do conhecimento na sociedade atual é condizente com a sua complexidade.
Avança para uma visão de mundo complexa e sistêmica, pois o modelo cartesiano baseado em representações mentais de uma realidade objetiva e separada do observador não consegue mais dar conta dos fatos da vida. Essa mentalidade extrativista e predatória foi gerada pela certeza nessa objetividade e consequentes verdades absolutas.
A biologia do conhecimento, por outro lado, vê o processo de conhecer como algo intrínseco a todos os seres vivos, pois é o fazer que constrói o conhecimento do mundo, num processo incessante e interativo de coordenações de comportamento. Seja qual for, todo conhecimento é fruto de comunicação e linguagem, que são coordenação de coordenações. Enfim, todo conhecimento é um fazer.
Se for o fazer em sociedade que gera o conhecimento, fica claro o caráter ético do processo de conhecer, o que vai muito além da visão neutra e objetiva de uma ciência positivista que gerou tecnologias poderosas, mas destrutivas.
A ciência mecanicista com sua intenção de conhecer tudo o que for desconhecido é cega e obtusa em suas próprias intenções. Não conhece o próprio processo de conhecer. Não admite o incognoscível, o intuitivo. Seu avanço hegemônico na sociedade moderna, com seu objetivismo e materialismo, tornou a maioria da humanidade orgulhosa da prisão em que se encontra.
Se não existe uma realidade objetiva a partir da qual obtemos a verdade e se o observador intervém na construção dessa verdade, então a ciência difere do senso comum apenas em virtude de consistir um corpo de conhecimento que exige uma explicação que siga alguns critérios para sua validação. Nada mais.
Portanto, valoriza-se aqui toda experiência particular e relativiza-se todas as verdades certas e acabadas. O olhar se abre, a criatividade é possível e a complexidade da vida aparece com toda força.